A ultrassonografia ou ecografia
na gravidez, é um exame não invasivo que usa ondas de som para criar uma imagem
do feto. Foi criada para ser utilizada quando existisse uma necessidade/razão
médica e para ser realizada por profissionais devidamente acreditados para tal.
A sua finalidade é avaliar entre
outras, a vitalidade fetal, a idade gestacional, a deteção de números de fetos,
a deteção de malformações congénitas fetais, etc.
A Organização Mundial de Saúde e
a Direção Geral de Saúde recomendam atualmente, a realização de três rastreios
ecográficos durante a vigilância de gravidez. Não descartando obviamente a
necessidade de outras quando existam razões clínicas para tal.
1ªEcografia - Primeiro trimestre
(entre as 11 e 13 semanas e 6 dias), cujo objetivo é confirmar a viabilidade fetal,
determinar o número de fetos, diagnosticar malformações e contribuir para a
avaliação de risco de aneuploidias.
2ª Ecografia- Segundo trimestre
(entre as 20 e 22 semanas e 6 dias), denominada morfológica, cujo objetivo é
confirmar alguns dados da eco do 1º trimestre, mas essencialmente a
identificação de malformações fetais.
3ª Ecografia- Terceiro trimestre
(entre 30 e 32 semanas e 6 dias), cujo objetivo é avaliar o desenvolvimento
fetal (deve incluir o perímetro cefálico, abdominal, comprimento do fémur e
estimativa ponderal) e o diagnóstico de anomalias tardias.
À semelhança de “muitas outras
coisas “na área da Obstetrícia, a tecnologia das Ecogarfias e os seus avanços, ao invés de ser
utilizado como uma mais valia ou um recurso, segundo indicações clínicas
precisas e excecionais, rapidamente se tornou rotina, e passou a ser usada
indevidamente e de acordo com outros interesses, nomeadamente os económicos.
Há anos que acompanho casais que
quando questionados sobre a opção por um médico
Obstetra privado para vigilância da gravidez de baixo risco, me
respondem maioritariamente, porque “podemos
fazer uma ecografia em cada consulta (portanto com um periocidade média
mensal) o que nos possibilita saber se “está tudo bem”.
Faço aqui uma pausa, para
possibilitar um reflexão...
E se não “está tudo bem”? o que fazemos nós casal, com
essa informação quando o “problema” não coloca
em causa a sobrevivência do feto/bebé?
De que forma a notícia do “não
está tudo bem” é dada ao casal? Que sensibilidade terá o profissional para
lidar com essa notícia? Ou será sempre dada? Valerá a pena transmitir alguma
preocupação e ansiedade ao casal? Quais as vantagens?
Como é que psicologicamente decorrerá
o resto de uma gravidez perante, por exemplo, uma estimativa de peso acima da
média, às 32 semanas, quando o profissional que realiza a ecografia refere,
“Que bebé tão gordo!”?
Ou que efeito terá no casal uma
suspeita de diagnóstico de feto portador de “pé torto” (varo/valgo)?
Tanto o peso estimado, como o “pé
torto” serão um diagnóstico definitivo após e SÓ após o nascimento. O que é
possível fazer até lá? Nada! Que vantagem traz a esse casal e a esse feto a
transmissão dessa suspeita?
Peço perdão pelos exemplos, mas é
um assunto que me toca particularmente. O primeiro porque fui “vítima” durante
a primeira gravidez do alarmismo em relação ao “bebé gordo e grande”(que se
mantém nesta gravidez) e o segundo porque tenho assistido a gravidezes verdadeiramente
“ceifadas” pela suspeita de um diagnóstico de “pé torto”.
Retomemos a questão do negócio
das ecografias.
Se por um lado temos uma
sociedade iludida, que acredita que através desta técnica de diagnóstico tem a
garantia de um bem estar fetal temos por outro lado um conjunto de
profissionais iludidos que acreditam que as ecografias lhes confere algum grau de
“controle” da gravidez ou um grau de conhecimentos acima de outros (só
relembrar a propósito dos “iludidos”, que se “perdem” tantos fetos in útero
cujas ecografias regulares não detetaram nenhuma anomalia) e um outro grupo de
profissionais que consegue através da ecografia garantir a sobrevivência de um
consultório privado.
Ressalvando que existe igualmente
um outro grupo de profissionais, se bem que conheço muito poucos, que respeitam
as indicações clínicas para a realização de ecografias e que se recusam a
realizar ecografias “por rotina”, mesmo em consultórios privados.
Mas independentemente das razões,
se se fazem é porque é seguro para o feto? Certo? Perguntarão vocês?
Não. Não é assim tão inofensivo,
nem assim tão lógico, afirmarmos que se se fazem é porque são seguras.
Mais uma vez, assim como “muita
outra coisa” na área da Obstetrícia, primeiro experimenta-se e depois é que se estuda/
comprova. Basta pensarmos que durante mais de 50 anos as grávidas foram
sujeitas a raios X para determinar o tamanho fetal e a proporção pélvica, antes
de descobrirmos que essas radiações estavam a causar efeitos colaterais graves
nos fetos.
A ultrassonografia/ecografia funciona através do envio de ondas sonoras de alta frequência, transmitidas através do abdômen da mãe, através de um transdutor, que criam um "eco" onde as ondas sonoras saltam do objeto (neste caso o feto). Foi na realidade, desenvolvida extremamente rápido e não foram realizados muitos ensaios de controle aleatório para determinar a sua segurança.
Os riscos da ultrassonografia são
essencialmente, o aquecimento dos tecidos e a cavitação, e para os quais
diversos investigadores já alertaram para a alteração do comportamento das células
da placenta, cordão umbilical e feto que ocorre com estes efeitos. Não existe
nenhum estudo que comprove a inocuidade da ultrassonografia, no entanto existem
diversos estudos realizados ao longo de décadas, não só com mulheres grávidas,
como com crianças, que comprovam existir diferenças entre as que foram sujeitas
a ecografias e as que não o foram.
As pesquisas mostram que o grupo
sujeito a ultrassonografias têm uma taxa de mortalidade perinatal
quadruplicada, risco de aborto espontâneo, risco duplicado de parto prematuro, taxas
aumentadas de dano cerebral, dislexia, atrasos na fala, epilepsia e
dificuldades de aprendizagem.
A somar a estes estudos, temos atualmente
mais riscos acrescidos. O do avanço tecnológico dos aparelhos atuais, que para
permitirem imagens cada vez com melhor resolução/definição, utilizam a emissão
de ondas sonoras de frequência mais elevada, logo mais absorvidas são pelo
feto, o número de ecografias que é cada vez maior (muito para além das 3
recomendadas), pelas razões já anteriormente apresentadas, e a entrada no
mercado de empresas que realizam ecografias 3D e 4D, publicitadas de “emocionais”,
sem qualquer controle dos profissionais que as efetuam, dos aparelhos
utilizados ou mesmo do tempo a que sujeitam as grávidas/fetos às ondas de
elevada frequência.
O mesmo “apelo de risco” engloba
os disseminados Dopller’s adquiridos por venda livre pelas grávidas para
ouvirem os batimentos cardíacos do seu bebé no domicílio.
Em suma, as
ultrassonografias/ecografias têm um propósito. Devem ser realizadas o menos
possível, devem ser justificadas por uma indicação clínica válida, devem ser
explicados os benefícios, limitações e riscos ao casal e assim obtido um
consentimento informado.
E NUNCA realizadas e justificadas
como uma forma de recordação, ou ligação emocional ao feto/bebé.😒
Deixo-vos o link de acesso a um post da página do facebook da APDMGP, onde constam alguns dos estudos mencionados
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