"Posicionamentos do bebé intrauterinos e parto podem causar diversas disfunções cranianas, com repercussões inimagináveis”.
Cruzei-me com esta frase, numa de muitas formações na área da saúde do recém nascido e o pós nascimento, já há algum tempo (anos). Foi mencionada no âmbito da Osteopatia Pediátrica, mas naquela altura, apesar do sentido lógico, não refleti e interiorizei o verdadeiro significado dela.
Se tal tivesse acontecido, teria poupado o meu filho (e nós pais) de uma autêntica “tortura”.
Mas é bem verdade, que, nem sempre vemos as coisas para as quais estamos a olhar, e que quando é para acontecer, a vida encarrega-se de nos obriga-nos a ver.
Retomando, o que vos quero transmitir e passando a explicar um pouco a anatomia, de modo que, que qualquer mãe/pai, que leia o meu post perceba e saiba sobre o que estou a escrever.
O corpo humano é um todo, uma unidade projetada para funcionar em perfeito equilíbrio. Todas as estruturas estão inter-relacionadas, e as disfunções em uma estrutura podem influenciar todas as outras.
Pensando num recém nascido e na estrutura craniana…
No momento do nascimento, os ossos que formam o crânio ainda não estão totalmente ossificados nem soldados entre si, deixando em alguns sectores da cabeça do bebé, espaços ocupados por uma membrana cartilagínea flexível, as fontanelas (popularmente de denominadas, "moleirinhas").
Esses espaços, permitem que os ossos cranianos se possam movimentar e que a cabeça seja moldável e possa ser comprimida ao longo da sua passagem pelo canal do parto.
Até ao segundo ano de idade as fontanelas do crânio do bebé “fecham-se”, pois o espaço intermediário ossifica-se.
É importante, e expectável que este "fechar" das fontanelas e ossificação dos ossos cranianos ocorra de forma simétrica e harmoniosa.
Ainda relativamente à estrutura craniana...
O nervo vago é o maior nervo craniano e tem origem na parte de trás do bulbo raquidiano, uma estrutura cerebral que liga o cérebro com a medula espinal, e sai do crânio por uma abertura chamada de forame jugular, descendo pelo pescoço e tórax até terminar no estômago. Ao longo do seu trajeto, dá origem a vários ramos que inervam diversos órgãos cervicais, torácicos e abdominais, com funções sensitivas e motoras.
O forame jugular é uma abertura na base do crânio que permite a passagem dos nervos cranianos, vago e da veia jugular interna (principal via de drenagem sanguínea do cérebro).
O mau posicionamento do bebé nas semanas que antecedem o parto, o não encaixe correto da sua cabeça na pélvis da mãe, pode originar tensões e modificações da forma do crânio, que podem produzir congestão do forame jugular e com isto do nervo vago, causando disfunções viscerais, tais como cólicas, obstipação, refluxo, etc. Também para além do mau posicionamento intra uterino, os próprios procedimentos obstétricos usados durante o parto, poderão afetar estes nervos. São exemplos, a tração feita (com as mãos dos profissionais) na cabeça do bebé (tantas vezes desnecessárias) no período expulsivo de um parto vaginal, o uso de instrumentos (fórceps) e outras manobras como a de Kristller (empurrar o fundo do útero com o antebraço).
Para além das disfunções viscerais, muitas outras poderão surgir, por exemplo, as vertebrais, que induzem um desequilíbrio ortossimpático e ainda alterações do diafragma com consequente pressão intra abdominal.
Em suma o crânio de um recém nascido, pelas razões acima mencionadas é um autêntico puzlle, no que toca a possíveis disfunções.
Sabia disto já há algum tempo, e tenho inúmeras mães que já recorrem por rotina à Osteopatia, para uma avaliação da estrutura craniana do seu bebé, perante quadros de cólicas, refluxos e afins, pelo que há muito respeito e admiro a intervenção destes profissionais, mais que não fosse pelo feedback (muito) positivo dado pelos pais.
O que eu não sabia era que, as disfunções cranianas poderiam afetar também o sono. Hoje, confesso, sinto-me uma totó ao escrever e pensar nesta última frase.
Como é que não vi o que estava à minha frente!?
Como é que não percebi os sinais que o meu filho me deu durante quase 18 meses?!
Muitos de vós não saberão, que o meu filho mais novo, não dorme, desde o dia que nasceu, mais do que 2 horas seguidas, e que os despertares, especificamente os noturnos, sempre foram acompanhados de choro.
No início atribui os despertares à necessidade de mamar em livre demanda.
Depois achamos que os despertares chorosos, seria uma necessidade como tantas outras, de contato e segurança (dorme comigo/connosco desde o dia em que nasceu).
O tempo foi passando, e passamos a identificar os despertares noturnos como algo da personalidade dele. Acrescido o facto de sabermos que o sono dos bebés é muito inconstante até aos 2 anos, fomos gerindo de forma “natural” (ou o mais “natural” possível) os despertares e o choro associado a eles.
Se até aos 14 meses ia sendo mais ou menos "fácil", sossegar o choro, com a mama, a partir desta altura e com o desmame noturno (decidido por ele), os despertares passaram a ser tormentosos.
A procura por uma posição ideal, que fazia com que não conseguisse estar quieto por mais do que minutos, tornou-se constante, e o choro tornou-se inconsolável, que passou a demorar, na maior parte das vezes, muito tempo (algumas vezes, 3/4 horas) até cessar.
Nestas alturas de choro, o Kiko só tolerava o nosso colo, mas de pé, encostado ao nosso ombro. E o pouco que dormia, era de joelhos, barriga para baixo, todo curvado e com a cabeça encostada ou à cabeceira da cama ou à grade lateral de proteção. Na nossa cabeça, isto era o “jeito dele”.
E assim alternávamos horas e noites, entre muitos despertares, que eram sossegados ora com o colo do pai ora com o meu.
De dia tinha um Kiko bem disposto, brincalhão e muito pouco chorão, de noite um bebé tão diferente.
Tentamos um pouco de tudo o que possam imaginar, desde deitar muito cedo, deitar mais tarde, rotinas sempre iguais, nenhuma estimulação a partir do fim da tarde, leitura, banho, sem banho, mudança de quarto, óleos essenciais, etc, etc, etc.
Não preciso, nem quero explicar a ninguém o que a privação de sono de uma forma contínua faz, à nossa cabeça, ao nosso estado emocional e à saúde física em geral. Quem por lá já passou conhece bem os efeitos, quem não passou, não precisa, sequer imaginar.
A determinada altura questionámo-nos se, o nosso estado emocional de cansaço extremo, não estaria a condicionar ainda mais o sono agitado do nosso bebé. E acredito que sim. As noites eram desde há 18 meses, a altura do dia, mais temida. Porque nos deitávamos a pensar, que nos íamos levantar vezes sem conta. Porque, por mais calma e paciência que quiséssemos ter, acreditamos que nem sempre despertávamos com a melhor energia e o tranquilizávamos como ele precisaria. O nosso estado emocional e as nossas energias não seriam de todo, as mais "cor de rosa".
Numa noite de desespero, o meu marido, desabafou em tom igualmente desesperado, “isto não pode ser normal, temos que levá-lo a um Pediatra”.
Isto soou na minha cabeça como um alerta vermelho. Pediatra= medicação.
Não sei, de todo, se assim é ou não, mas foi o que me ocorreu, naquele momento.
Numa das consultas de rotina no hospital, com o Pediatra (por causa das infeções urinárias que fez em bebé) já havia abordado a questão de ele não dormir de noite, tendo-nos sido sugerido, retirar as sestas do dia. Como não nos fez qualquer sentido e jamais o iríamos fazer, decidimos não abordar o assunto novamente.
Quando naquela madrugada, foi pronunciado o nome “Pediatra”, o que me ocorreu foi mesmo a prescrição de medicação indutora de sono. Lembrei todas as crianças que conheço, que foram e/ou estão medicadas e, sem querer julgar ninguém, não era essa a solução que pretendíamos.
Naquele momento, decidi que tinha que pedir ajuda.
Pensei numa terapeuta de sono e na minha terapeuta Osteopata.Acabei por começar pela segunda, uma pessoa em quem confio a 200% e que pela sensatez que lhe é devida, saberia como me ajuda/aconselhar/apoiar.
Como tal, no dia seguinte, contatei-a e pedi-lhe ajuda. Já havíamos falado do sono, e o quão difíceis eram as noites, no início de vida do Kiko, mas, deste agravamento dos últimos meses, não.
Agendamos uma conversa. A primeira pergunta que ela me fez, “ tens ideia de como foi a extração do Kiko, durante a cesariana?” fez-me cair num buraco…
Como é que eu nunca me lembrei que a tração feita na cabeça do Kiko, poderia ter causado qualquer tipo de disfunção?
Eu, que sabia, que a extração durante a cesariana, havia sido muito difícil (são todas, bem sei. Ao contrário do que a maioria pensa, a extração do bebé nas cesarianas é algo muito "violento" e manipulado"), mas a do Kiko, foi especialmente "forçada", tendo sido ponderado, inclusive, o uso de ventosa (sim, uma cesariana pode ter ventosa e até forceps, para auxiliar a extração do bebé).
Segundo ela, e são palavras minhas, porque eu nada sei de fisioterapia, osteopatia e afins, e como tal deixo os nomes técnicos para quem sabe, o Kiko apresenta um desalinhamento dos ossos cranianos e uma lesão/inflamação a nível cervical, que lhe causa rigidez e desconforto. Foi detetado uma flexão anómala da planta de um dos pés e a perna desse lado ligeiramente mais arqueada que a outra.
Os despertares noturnos ( e muitos vezes diurnos) associados ao choro, tinham afinal uma razão física e patológica. O choro tinha por base o desconforto que ele sentia.
Quando dormia curvado a pressionar a cabeça contra a cabeceira ou grade lateral, era um reflexo instintivo de aliviar a pressão, fosse craniana ou cervical e o desconforto associado a essa pressão.
Escusado será dizer, que desde a primeira sessão de Osteopatia, que ocorreu há precisamente 18 dias, o Kiko já consegue dormir 4/5 horas seguidas. Mantem a procura pela pressão na cabeça, mas algumas das vezes consegue dormir sem sequer se mexer e apesar de despertares, estes acontecem, na maior parte das vezes, sem choros. Ajeita-se e volta a adormecer.
Confesso que esta realidade me alertou para outras responsabilidades, profissionais e pessoais e acredito que exista todo um conhecimento desconhecido da maioria dos profissionais de Obstetrícia e Pediatria e consequentemente de mães/pais/famílias.
Estou, consciente (e só agora, porque me tocou e porque entretanto já li muita coisa), de que a cabeça do bebé é "um mundo", que devemos, cuidar, observar e vigiar com muita cautela e atenção e que, à semelhança de outros países, seria uma mais valia, todos os bebés serem observados/vigiados, não só por Pediatria, mas também por Osteopatia.
Por mais controverso que seja este tema, esta é, a minha certeza neste momento.
Fonte das fotos: Google.
Fonte das fotos: Google.
boa tarde mamã.
ResponderEliminaro meu menino faz 4 meses dia 8. nasceu tb de cesariana. aqui a história é o oposto. à noite dorme tão bem, só acorda uma vez ou não acorda. durante o dia e um terror. chora imenso, grita mesmo. não está bem nem ao colo nem em lado nenhum.as vezes tá 40m seguidos a chorar sem eu saber o que fazer. tera algo haver com o que falou?
Olá Tatiana,
EliminarAntes demais, peço desculpa pela demora na resposta. Um problema informático não me permitia visualizar as mensagens recebidas.
Espero que entretanto as coisas com o seu menino estejam mais serenas.
Não tenho conhecimentos para lhe dizer se poderá ter algo ou não de semelhante com a minha experiência.
O meu relato é isso mesmo, a minha experiência. A Osteopatia poderá não ser a solução para todos os bebés. Para o meu foi!
Um beijinho de uma mãe para outra mãe.
Tudo a correr pelo melhor <3
Revi-me em todo o seu texto! 16 meses sem dormir uma noite completa com cólicas, dentes e agora n encontro motivos. Só adormece no colo de pé, se deito nos braços choro, grita, tenta sair do colo, enfim a hora de dormir é um desespero. Sei o que tudo isso é. Por aqui revejo até o parto. Ele nasceu de cesariana, parto induzido, dilatação completa mas ele n ficava na posição correcta. Tinha a cabeça de lado na minha cervical e duas voltas do cordão no pescoço que faziam os batimentos dele baixar abruptamente. Quando o médico inicia a cesariana eu já não sentia efeito da épidural por isso levei geral e não sei minimamente como ele foi extraído. Após o seu testemunho vou seguramente procurar um osteopata porque o pediatra o único conselho que deu foi retirar o leite e muitas das vezes é o je o ajuda a acalmar.
ResponderEliminarObrigada pelo seu testemunho. Abriu-me os olhos e quiçá encontrar a solução.
Continuação de boas noites do kiko e dos pais.
Olá Carina!
EliminarAntes demais, peço desculpa pela demora na resposta. Um problema informático no blogue, não me permitia visualizar as mensagens recebidas.
Grata pelas suas palavras e espero de algum forma ter conseguido ajudar.
Desejo que os sonos estejam nesta altura (mais) tranquilos.
Por aqui tudo, tudo tranquilo :-)
Um beijinho.
Muito interessante o seu texto. Muito educativo. Obrigada pela partilha. Tenho dois filhos, felizmente não passaram por isso. mas se tivessem passado, também não teria o conhecimento necessário para chegar a tal conclusão.
ResponderEliminarUm abraço apertado de mãe para mãe. Esse caminho não foi fácil mas ainda bem que têm respostas e soluções à vista e que o seu bebé está melhor.
A osteopata diz que ele pode ficar recuperado a 100%? Espero que sim.
Mais uma vez, obrigada pela partilha.
Felicidades.
Olá!
EliminarAntes demais, peço desculpa pela demora na resposta. Um problema informático o blogue, não me permitia visualizar as mensagens recebidas.
Grata pelas suas palavras.
Por aqui tudo tranquilo e recuperação absoluta.
O Kiko dorme tranquilo grande parte da noite. Pontualmente acorda, mas rapidamente, volta a adormecer, sem qualquer choro.
Um beijinho de uma mãe para outra mãe.
Bom dia. Tenho um filhote de 19 meses e foi extraído com ventosas. Ele não tem posição de estar de noite e por vezes realmente chega a cabeça para a cabeceira ou vira- se para as grades ... Ele até dorme algumas horas mas muitas das vezes fica no meu colo e ao princípio também estava constantemente a acordar e por vezes gritava muito e não havia razão aparente :( será que é a mesma situação que do seu menino?
ResponderEliminarOlá!
EliminarAntes demais, peço desculpa pela demora na resposta. Um problema informático no blogue, não me permitia visualizar as mensagens recebidas.
Não tenho conhecimentos para lhe dizer se poderá ser uma situação semelhante à do meu filho. Só um terapeuta na área que poderá fazer essa avaliação.
O meu relato é isso mesmo, a minha experiência pessoal.
Um beijinho de uma mãe para outra mãe.
Tudo a correr pelo melhor :-)
Boa tarde. Muito obrigada pelo seu texto realmente fez-me pensar. A minha filha tem 18 meses, nasceu de cesariana depois de 30horas em trabalho de parto induzido e nada. Nasceu com problemas respiratórios e teve de ir para a neonatologia. Sempre chorou muito e teve muitas cólicas. Dormir não me posso queixar muito porque dorme mas acorda algumas vezes a chorar bastante dou-lhe a chucha e acalma-se mas as vezes tenho de pegar nela. (Pensei que fossem pesadelos) e deita-se sempre com a cabeça encostada as grandes ou encostada em algum sítio ( é quase obrigatório) muitas vezes dorme de joelhos outras toda curvada mas sempre encostada. Durante a noite demora muito tempo a adormecer, entre 1h a 2horas. Suponho que possa ser uma situação semelhante e que me vez ficar alerta. Aconselha algum osteopata? Muito obrigada pelo seu testemunho.
ResponderEliminarOlá Carina!
EliminarAntes demais, peço desculpa pela demora na resposta. Um problema informático não me permitia visualizar as mensagens recebidas.
Espero que entretanto as coisas com a sua menina estejam mais serenas.
Em termos de aconselhar algum profissional, só posso aconselhar o meu, porque é o único que conheço.
Dra Liliana Morais,que poderá contactar através da sua página, https://www.facebook.com/lilianacmorais/
Um beijinho de uma mãe para outra mãe.
Tudo a correr pelo melhor.
Obrigada pelo seu testemunho, tão claro e esclarecedor. Poderia indicar o nome do osteopata que anda o seu menino? Obrigada
ResponderEliminarOlá!
EliminarAntes demais, peço desculpa pela demora na resposta. Um problema informático no blogue, não me permitia visualizar as mensagens recebidas.
Grata pelas palavras.
O nome da Osteopata que tratou o Kiko é Liliana Morais, que poderá contactar através da sua página,
https://www.facebook.com/lilianacmorais/
Um beijinho e tudo a correr pelo melhor.
Boa noite o meu filho ten 6 meses e a cabecinha dele é como nas imagens
ResponderEliminarE é exatamente como o seu de dia um anjo de noite im terror nao adormece por mais sono que tenha so chora
Leveio a um osteopata e disse me que ele tem muita pressao na cabeca e na cervical.... o meu nasceu de parto normal mas era pra ir pra cesareana nas chegaram oa medicos e disseram estas palavraa "vai ter de sair assim" e com muito custo la saiu de parto normal. Nasceu con a cabeca toda bicuda ate pensei que nasceu com algum problena ao qual me disseran que era normal maa agora vejo que nao era normal ... sinto me tao cansada tao exausta
Olá Sónia!
ResponderEliminarSinto muito pela sua experiência de parto.
Um abraço gigante de mãe para mãe e acredite que sei a exaustão que sentimos, mas penso que estando a ser seguido por Osteopatia, vá melhorar.
Noites tranquilas, rapidamente, é o que lhe desejo.